Educar em casa pode alimentar a cultura do isolamento social e segregação

O ano letivo começa e a proposta dos novos conteúdo dos livros didáticos para crianças de 6 e 7 anos que serão adotadas pelo Ministério da Educação – MEC-, será elaborado pelo atual secretário de alfabetização, Carlos Nadalim, discípulo de Olavo de Carvalho. De perfil conservador, Nadalim sequer tem publicações científicas sobre temas pertinente à pasta que assumiu.

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Carlos Nadalim – Secretário de Alfabetização (SEALF)

Bacharel em direito e mestre em educação, o discípulo do ideólogo garante em seu blog ter desenvolvido seu próprio método para alfabetizar crianças, no qual prima por educar crianças em suas próprias casas, longe das escolas.

O secretário cogita, usar material didático português como modelo para o do ensino fundamental brasileiro e também implantar provas de avaliação já a partir do segundo ano do ensino fundamental. A ideia original, ainda mais radical, de avaliações para estudantes do primeiro ano, foi abortada após Nadalim ser alertado de que ela contraria a Base Nacional Comum Curricular.

“Todos os livros serão nossos. Vai estar lá a bandeira do Brasil na capa, o hino nacional. Os pais vão adorar.”, bradou o presidente Jair Bolsonaro ao se referir às novas didáticas no mês de janeiro.

Segundo informações do site The Intercept Brasil, uma fonte que pediu para não ser identificada disse que Nadalim convocou, sem alarde nem consulta pública, um grupo de especialistas para que desenvolvam estudos que sirvam de base para a revisão de conteúdo dos livros do primeiro e segundo anos.

O secretário espera que essa fase do trabalho esteja concluída até o fim do mês, e que até maio seja publicado um edital de licitação para a compra dos livros, a partir de critérios sobre os quais Nadalim dará a última palavra.

Pequenas editoras, grandes negócios – no penúltimo dia de 2019, Bolsonaro assinou decreto que além de alterar a estrutura de cargos e funções de nomeação política no MEC, também permite que o próprio governo possa editar os livros didáticos distribuídos gratuitamente a alunos de escolas públicas.

Um dos artigos do decreto determina que a diretoria de alfabetização poderá “elaborar materiais e recursos didático-pedagógicos de alfabetização, de literacia e de numeracia”. Segundo a jornalista Vera Magalhães, isso pode abrir as portas desse mercado para editoras nanicas ligadas a Olavo, o ideólogo que vê uma doutrinação marxista embutida nos currículos escolares e acha que o governo deve abrir mão do papel de fornecer educação aos cidadãos e introduzir uma “guerra santa contra o comunismo”, um negócio que renderia ao ideólogo uma cifra em torno de 2,3 bilhões de reais.