Duplicação da DF-128 e a consequente urbanização irregular poderá impactar a biodiversidade local

O último final de semana teve ato em defesa de uma das mais importantes reservas naturais do país, a Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESECAE), localizada em Planaltina-DF. Sua importância se dá pelo fato conter no seu interior um fenômeno natural único (Águas saem da mesma nascente e partem em direções opostas e chegam ao mar), além uma enorme diversidade da fauna e flora preservadas. Porém, toda esta riqueza está ameaçada.

Risco iminente – Em virtude do crescente fluxo de veículos no trecho que liga Planaltina de Goiás a Planaltina DF, moradores da cidade do Entorno reivindicam a duplicação da DF-128. Uma luta justa, haja vista o crescente número de acidentes e o congestionamento que aumenta a cada dia, prejudicando o tráfego dos moradores que se dirigem à Planaltina DF e ao Plano Piloto. Contudo, segundo ambientalistas, e moradores da área rural próximo à Esecae, o impacto ambiental será de grandes proporções, chegando ao ponto de secarem as nascentes que hoje garantem o fenômeno, caso a obra de duplicação aconteça.

Preservar a unidade significa também cuidar da fauna e flora e evitar qualquer ação humana que gere impacto direto.

Para preservar o que restou do cerrado e da área rural que ainda existe às margens da Estação, foi criado um movimento social denominado, Guardiães de Águas Emendadas (GAE), idealizado por Marcelo Benini. Para o ambientalista, somente com a união de todos os que primam pela qualidade de vida com respeito à natureza, a preservação da unidade ambiental será possível. “Preservar significa cuidar também da fauna e flora, por isso estamos trabalhando por fomento à produção rural sustentável às margens da Estação e não à Urbanização desenfreada, o que Traria impacto direto”, considera Marcelo.

Em parceria com GAE, ciclistas praticam esporte e ajudam na preservação da Unidade.

Alternativa à duplicação da DF 128 – Para os membros da GAE, produtores rurais de áreas vizinhas e demais entidades ambientalistas, a solução é a criação do Anel Viário da DF-205. A proposta prevê conclusão da pavimentação que já foi construída em longo trecho da rodovia, interligando Planaltina de Goiás ao Plano Piloto, passando pela Fercal, chegando à DF -150, já duplicada até o Posto Colorado, desembocando direto no BRT-Norte. Para os ativistas, isso resolveria o transporte de passageiro e de cargas para toda região sem impacto à estação, além de evitar a urbanização irregular.

A história não contada – Ambientalistas ressaltam que com uma possível urbanização desenfreada a partir da duplicação, problemas como desmatamento, captação irregular da água do solo, caça e pesca ilegais fatalmente promoverá a extinção do bioma. “Para isso, estamos envolvendo o poder público e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) é parceiro importante e, desde já, tem colaborado”. Presente ao encontro a deputada federal Erika Kokay (PT/DF) se declarou defensora da causa. “ O abraço às águas que daqui partem seguindo o curso das águas, significa um abraço além Brasil. Riqueza que pode ficar ameaçada pela especulação imobiliária, o que podemos evitar”.

É nosso dever zelar por este patrimônio natural e histórico,”

Robson Eleutério – Professor, historiador e escritor , também é defensor do bioma cerrado

Órgãos do poder público também ganham com ações do tipo, como o Ibram. “Estamos aqui enquanto gestores ambientais e colaboradores com aquilo que vem pra preservar o meio ambiente, sobretudo quando se trata de recursos hídricos”, comenta Gesisleu Dárc, administrador da Esecae. Águas Emendadas faz parte da nossa vida e da história de Planaltina. Desde a Missão Cruls que definiu os marcos da Capital, a Esecae foi citada como importante ponto de referência. É nosso dever cuidar deste rico patrimônio natural e histórico,” lembrou o professor Robson Eleutério.

Somos colaboradores com tudo o que vem pra preservar o meio ambiente e os recursos hídricos

Gesisleu Darc – administrador do Parque Ecológico de Àguas Emendadas

Os organizadores promoverão mais eventos, como atividades envolvendo a comunidade, audiências públicas, e ações que garantam a preservação aos arredores da Estação. Outra tarefa será a de envolvimento dos pequenos e grandes produtores rurais que trabalham nas adjacências, a fim de promover educação ambiental para preservação do patrimônio.